segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sob a minha lente; Ela. Sobre seu corpo; Nós.




O lado de dentro é o lado que nunca se alcança. Esse espaço onde o vento se prende e precisa romper líquidos e minúcias para transitar violentamente, e em segundos eternos. Cada soluço que sai da boca denuncia o desespero do vento preso, perdido. Já o lado de fora é presença. É sólido. Um tocante de pele suave como um emaranhado de fumaças que inibem a visão. Caos!
Corpos presos, mas autônomos. Uma afirmação de identidades que se confundem no segundo orgásmico da desconstrução do ser. São braços, pernas, seios, vaginas, olhos, bocas, mãos entrando em sintonia com o suspiro do gozo. Em seguida os membros exauridos dançam em repouso. Um repentino estado de mudança. A fala é leve e as pernas desejam se acomodar. Uma na outra, e outras. Os corpos, antes pornográficos, constroem desenhos abstratos. Sem nenhuma forma definida. Apenas muda de cor, de peso, de cheiro e de lugar. Ou talvez, apenas não haja mais lugar para o mesmo lado de fora. Alcançamos o (d)entro.

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Foto: Marcilene Silva

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